domingo, maio 20, 2007

DARFUR - O PRIMEIRO GENOCÍDIO DO SÉCULO XXI

Os massacres no Darfur prosseguem e ameaçam tornar-se no primeiro genocídio do século XXI, como tem afirmado o bispo Jacques Gaillot.
Em 31 de Julho de 2004 lançámos aqui um apelo no qual afirmávamos: temos de impedir a continuação do genocídio no Darfur. Recordávamos que anos antes não tinha havido uma acção atempada que tivesse impedido os massacres do Ruanda e que ainda estávamos a tempo de impedir uma tragédia maior. Passados estes anos os massacres no Darfur prosseguem, bem como os dramas dos refugiados. Países como a Líbia e a China protegem o governo de Cartum por interesses de ordem económica e política.
Jacques Gaillot denunciava aqui recentemente que há interesses em jogo: a exploração do petróleo e que a China é o principal fornecedor de armas e absorve dois terços da sua exploração de petróleo. A China tem-se oposto às sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra o Sudão.
A União Europeia e os Estados Unidos também não têm feito o que é necessário para pôr termo ao genocídio de Darfur.
É certo que são de saudar as diligências feitas pelo presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, para tentar convencer o presidente do Sudão a aceitar o envio de uma força das Nações Unidas para o Darfur sob pena de se isolar da comunidade internacional. Sabemos que as Nações Unidas aprovaram o envio de uma força de 17 mil soldados e de 3 mil polícias, mas que o seu envio está bloqueado pela recusa do governo de Cartum em aceitá-lo. O presidente sudanês Omar al-Bachir apenas aceita o reforço da força da União Africana que já se encontra na região.
A delegação da União Europeia abandonou o Sudão sem ter visitado os campos dos refugiados no Darfur por alegadas razões de segurança. Esta situação não pode continuar, porque há muitos homens e mulheres em risco de vida e sujeitas a diversos formas de humilhação.
A nível da opinião pública outras questões têm polarizado a atenção. A comunicação social tem dificuldade em nos dar informação actualizada em virtude das restrições que o governo de Cartum coloca à deslocação de jornalistas.
Por outro lado a opinião pública vive apaixonadamente a informação durante um período curto, as tragédias que se prolongam tendem a ser secundarizadas ou esquecidas.
É necessário mobilizar os cidadãos para pressionar os Estados a encontrar uma solução política. Como afirma Jacques Gaillot: «é necessário forçar Cartum a negociar, para parar com o massacre e proteger as populações: É possível e é urgente».
Para quem pretenda ter uma ideia mais concreta do que tem sido o genocídio em Darfur é possível ver aqui as imagens das atrocidades cometidas, graças à colaboração do Google Earth com o Museu Memorial do Holocausto em Washington.
Nestas imagens podemos ver, utilizando o sistema de mapas por satélite Google Earth, mais de 1600 aldeias destruídas, escolas, mesquitas, mais de 100 mil casas. Pode verificar-se que o genocídio é uma realidade. Desde 2003 estima-se que mais de 200 mil pessoas morreram no Darfur.
É necessário fazermos o que estiver ao nosso alcance para despertar, através da Rede, a pressão dos cidadãos para que seja alcançada uma solução política que ponha termo ao sofrimento das populações atingidas.
Como António Guterres tem alertado na sua qualidade de Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados «O conflito em Darfur é o factor de crise mais importante no continente e no mundo».
Darfur é sinónimo já de milhares de vítimas. É sinónimo do sofrimento evitável e intolerável de milhares de seres humanos. Além disso uma situação que pode alastrar e levar a conflitos mais alargados na região. Não esqueçamos que o Sudão tem fronteiras com países tão diferentes como a Líbia, o Egipto, o Quénia, a República Centro-Africana, a República Democrática do Congo, o Uganda, a Eritreia, a Etiópia e o Chade.
A situação de conflito que se vive em Darfur tem que ser gerida com determinação e sem a procurar instrumentalizar ao serviço de outras finalidades políticas.
São razões suficientes para que a opinião pública e os cidadãos se mantenham informados e exijam que as instituições internacionais assegurem o fim do genocídio, a paz e o respeito pelos direitos humanos em Darfur.

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