domingo, julho 15, 2007

FESTA DA DIVERSIDADE

Afirmar que há um lugar para todos foi o objectivo central da Festa da Diversidade, que teve lugar este fim-de-semana, no Terreiro do Paço, em Lisboa.
A Festa teve uma maior participação e um maior envolvimento do Governo e da União Europeia, relativamente aos seis anos anteriores em que a Rede Europeia Anti-Racista e o SOS Racismo tiveram um papel determinante na sua organização.
O facto deste ser o Ano Europeu para a Igualdade de Oportunidades levou naturalmente à sua inserção no conjunto das actividades programadas para o comemorar, como se pode ver aqui.
A União Europeia esteve representada pelo Camião Europeu da Diversidade que passou por Lisboa e esteve estacionado no Terreiro do Paço, que pretende ser um meio imaginativo para promover uma sociedade mais justa, fundada no reconhecimento do direito à igualdade de oportunidades, combatendo toda e qualquer discriminação fundada no sexo, raça ou origem étnica, religião ou crenças, deficiência ou orientação sexual.
A Feira assentou na presença de organizações não-governamentais, mas também na música, no teatro, na gastronomia, no artesanato, em debates e dança,
É positivo que a Câmara Municipal de Lisboa tenha disponibilizado um espaço tão rico de significado como o Terreiro do Paço para a sua realização contribuindo para dar visibilidade à diversidade e ao cosmopolitismo que caracterizam Lisboa cada vez mais. Não é preciso ir à Feira para o constatar, basta andar na ruas e, sobretudo, viajar nos transportes públicos, que são hoje os espaços por excelência de diálogo intercultural da cidade.
As setenta e seis associações representadas são bem demonstrativas da diversidade que existe na cidade. A Feira é uma janela de oportunidade, aproveitada por associações do mais diverso tipo, que não são necessariamente as mais significativas em cada área, mas sim aquelas que entendem que é útil estar presente. É também um espaço de publicidade institucional, onde estão presentes: o Instituto do Emprego e da Formação Profissional, o Instituto Português da Juventude, a Santa Casa da Misericórdia e Lisboa, ao lado de organizações não-governamentais críticas como a ATTAC-Portugal, a Plataforma artigo 65, Colectivo Múmia Abu-Jamal.
Algumas (poucas) Associações de imigrantes como a Casa do Brasil, Associação Sabor-Ucranianos em Portugal, Casa de Moçambique, a Associação de Cubanos Residentes em Portugal, a Solidariedade Imigrante e poucas associações religiosas, a saber, Comunidade Bahá’i de Portugal, a União Budista Portuguesa, coexistiram com uma multiplicidade de associações que visam prevenir, combater os mais diversos tipos de discriminação ou promover uma cultura de intervenção como o Chapitô ou o Teatro do Oprimido.
Para além de Associações presentes desde sempre como o SOS Racismo, ou o Olho Vivo, de organizações como a UMAR ou a associação de Mulheres Contra a Violência, que combatem a discriminação das mulheres, ou da Fundação AMI ou os Médicos do Mundo, verifica-se uma significativa presença de organizações que visam combater a discriminação em função da orientação sexual, como a Opus Gay, a ILGA ou as Panteras Rosas, ao lado de uma associação de apoio às grávidas como a Ajuda de Mãe, Associação de solidariedade social.
Muito significativa foi a presença de organizações ligadas a determinados problemas de saúde ou tipo de deficiência. Sem querer ser exaustivo, refiro, por exemplo: a APPACDM, ligada aos cidadãos deficientes mentais, a APPDAutistas, a Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares, a Associação dos Deficientes da Forças Armadas, a Associação Promotora de Emprego de Deficientes Visuais, a CERCI de Portalegre ou o Grupo de Jovens da Associação Paralisia Cerebral de Viseu.
A enorme variedade de objectivos das associações presentes não é isenta de contradições e de alguns equívocos.
Ao comentar uma intervenção do Teatro do Oprimido um destacado dirigente de uma associação anti-racista, sublinhou a necessidade de perceber o que é específico nos diferentes tipos de discriminação. O racismo é uma realidade, diferente da homofobia, ou do machismo.
Penso que tinha razão, perceber as diferenças de que se revestem as discriminações, é condição necessária para uma maior eficácia no assegurar a igualdade de oportunidades para todos.
Todas as Festas da Diversidade ganhavam em sublinhar que, como se afirma no artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos: «Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade».
Foi assim que tudo começou.

1 comentário:

NOTICIAS DO RIBEIRO disse...

Saudações Caro
Sou Brasileiro, interessado nos assuntos do Timor Leste.
Topa se corresponder comigo?
Você me informa sobre o Timor e eu lhe informo sobre o Brasil. Se lhe interessar é claro.

Abraços Ribeiro