sexta-feira, julho 22, 2011

FRANCISCO ASSIS - REFUNDAR O PS E CONSTRUIR UMA ALTERNATIVA CREDÍVEL

O Partido Socialista perdeu as eleições legislativas num contexto de grave crise económica e financeira, a nível nacional e internacional, depois de um período em que o debate político a nível interno e a abertura do partido à sociedade foram secundarizados em nome das urgências da governação.
Muitos cidadãos encaram com inquietação o futuro, assistem à degradação da sua qualidade de vida, encontram-se desempregados ou em situação precária, sentem que estamos perante uma crise sistémica de evolução imprevisível e que há necessidade de debate e de análise em tempo real da evolução da situação nacional e internacional.
Estamos, além disso, sujeitos ao agravamento dos juros da dívida soberana portuguesa e da de outros países, com destaque para a Grécia, com reflexos na situação portuguesa e limitados pelo memorando da troika e pelas hesitações e ausência de estratégia eficaz por parte da União Europeia.
Nunca foi tão exigente liderar a oposição socialista. Não é uma questão meramente de simpatia ou de marketing, mas de contínua análise exigente da governação e de apresentação de propostas com substância e portadoras de uma alternativa sustentável.
Está em causa escolher o melhor dos candidatos para exercer as funções de Secretário-Geral do Partido Socialista.
É para mim evidente que o melhor é Francisco Assis, pela coragem, pela cultura, pela visão política, pela competência com que tem exercido as funções que lhe têm sido confiadas, desde a Câmara de Amarante, ao Parlamento Europeu e como líder parlamentar na Assembleia da República. Francisco Assis age com frontalidade, com lealdade e sabe que só é vencido quem desiste de lutar. A forma como Francisco Assis liderou com lealdade, eficácia e independência de espírito o Grupo Parlamentar do Partido Socialista capacita-o para o exercício dessas funções.
Neste contexto difícil é necessário valorizar a identidade histórica do PS, os contributos que tem dado para a modernização da sociedade portuguesa, para a construção de uma sociedade, mais livre, mais justa e mais igualitária, mas não hesitar em promover as rupturas necessárias para construir o futuro.
Para isso é necessário refundar o PS, como tem sido defendido por Francisco Assis e Mário Soares, e construir uma alternativa credível.
Para refundar o PS é necessário, como tem defendido Francisco Assis, devolver o partido aos militantes, estimulando a sua participação no quotidiano da vida partidária. Não se pode também deixar de abrir sem hesitação o PS à sociedade, criando condições para que os simpatizantes e votantes do PS se juntem aos militantes socialistas na escolha, nomeadamente, dos candidatos a presidentes de câmaras municipais nas próximas eleições locais. É imprescindível dialogar com os cidadãos que defendem o progresso social: nas universidades, no sindicalismo, nas redes e movimentos sociais.
Não se pode continuar a assistir à aliança da direita a nível autárquico, perante uma esquerda incapaz de se entender. Francisco Assis propõe-se apoiar o diálogo à esquerda, a construção de soluções eleitorais que favoreçam condições de governabilidade à esquerda no poder local, seguindo um caminho já aberto por Jorge Sampaio.
Construir uma alternativa credível passa por apostar na força das ideias do socialismo democrático e da social-democracia, na nossa capacidade de formular novas políticas públicas, novas propostas alternativas que respondam, nomeadamente, às necessidades de desenvolvimento económico e de articulação do Estado Estratega, do Estado Social e do sistema de relações laborais. Os critérios do universalismo e da cidadania têm uma tradução na concepção dos serviços públicos, que devem permanecer públicos, de acesso universal tendencialmente gratuito e de qualidade, como defende Francisco Assis na sua moção A Força das Ideias.
Creio que para refundar o PS, devolvendo-o aos militantes e abrindo-o à sociedade, para construir uma alternativa credível, para merecer ganhar de novo a confiança da maioria dos portugueses, precisamos de Francisco Assis, como Secretário-Geral do PS.

Editado no jornal Público, 22/07/2011, p.41

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